Postado dia 24/04/2018 as 16:49
A Comissão Especial de Cana-de-Açúcar da FAESP reuniu os seus principais líderes, na última quinta-feira, para discutir a conjuntura setorial e pontuar medidas de defesa do setor, que vem enfrentando preços baixos, custos em elevação e dificuldades de negociação com as indústrias.
A reunião ocorreu na sede da FAESP, em São Paulo (SP), e foi aberta pelo presidente da Federação, Fábio de Salles Meirelles. Ele fez questão de destacar o caráter singular do produtor na cadeia de biocombustíveis. “O fornecedor precisa ser bem amparado tecnicamente porque ele também é produtor rural. Ele não cumpre apenas a função de ‘vendedor’. Por isso, a política da produção sucroalcooleira demanda visão coletiva das esferas municipais, estaduais e federal”, pontuou Meirelles que, na década de 70, contribuiu para a implementação efetiva do Pro-álcool no estado de São Paulo.
A reunião contou com a presença de Eduardo Romão, presidente da Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (Orplana), que apresentou uma série de propostas para ajustar o mercado de cana-de-açúcar a valores mais justos. Uma das alternativas seria desvincular das negociações entre fornecedores e usinas o valor da ATR calculado pelo Consecana, ou atualizar esse índice de forma autônoma. Essa prática já vem ganhando força em algumas microrregiões do estado e pode ser ampliada.
Outras ações de médio e longo prazo também ocuparam a pauta como, por exemplo, a rentabilização do bagaço da cana e mudanças na penalização da fibra. “As instituições da cadeia precisam se unir e buscar um planejamento sustentável. Algumas negociações estão emperradas com agentes importantes do setor, mas a reunião de hoje demonstrou que há convergência entre a FAESP e a Orplana”, comentou Romão, que lidera um grupo com 33 associações afiliadas.
Integraram a pauta também as propostas para alteração da Lei de Proteção de Cultivares, constantes do PL 827/2015, e as notificações realizadas contra fornecedores, pelo CTC – Centro de Tecnologia Canavieira, visando a cobrança de royalties.
Como parte da pauta, a Comissão recebeu Carlos Rehder, diretor da Associação Brasileira de Exportadores de Mel (Abemel) e Alcindo Alves, presidente da Federação Paulista da Apicultura, para estudar planos de manejo entre produtores rurais e apicultores, com vistas à promoção de uma integração pacífica entre as atividades.
A FAESP entende que o uso da tecnologia é fundamental para o bom desenvolvimento da agricultura e pretende auxiliar as associações produtoras de mel em ações que não prejudiquem as abelhas, em áreas de preservação permanentes, localizadas próximas aos canaviais. Por outro lado, os membros presentes frisaram que é absolutamente imprescindível o uso de defensivos e aviação agrícola na condução dos cultivos, pois o Brasil tem grandes áreas de produção e clima tropical. Os números da Abemel estimam que o estado de São Paulo produz entre 15% a 20% de todo o mel brasileiro.
Por fim, a Comissão propôs à FAESP a organização de um workshop para tratar exclusivamente das questões ambientais, como reflorestamento de áreas degradadas, adequação ao código florestal, PRA ? Programa de Regularização Ambiental, PSA – Pagamento por Serviços Ambientais, gestão de recursos hídricos, incêndios criminosos e acidentais em áreas de plantio, dentre outros assuntos. “A cultura da cana-de-açúcar vai além da sua representação no PIB. Ela traz benefícios que impactam políticas públicas, sociais, de sustentabilidade e de matriz energética. É um setor de grandes lutas e conquistas”, finalizou Edison José Ustulin, presidente da Comissão.
Além das instituições convidadas e dos membros do sistema FAESP/SENAR-AR/SP, o encontro contou com representantes de 12 microrregiões produtoras de cana: Araraquara, Barra Bonita, Cajuru, Charqueada, Bebedouro, Descalvado, Ituverava, Jaú, Morro Agudo, Penápolis e Pederneiras.